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Olá! Como vai? Tudo bem?

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Parece diferente ao ser usado como título em nosso editorial, mas você já notou que nunca se pergunta o como é, o como faz, o sentido que tem? Não existe um como racional e explicitante o suficiente pra fazer sentido em si e por si só. O que existe é só o experenciável. No momento.

Toda vez perguntamos ao outro como este ser está e nunca como ele é. E isso é sim natural, mas a provocação filosófica real começa exatamente no costume. Não é como somos e sim como estamos, como nos sentimos, no momento exato do encontro.

Justamente porque a vida e todos os sentidos inerentes à percepção da vida em si não fazem sentido no como é, ou no como somos; a vivência se dá realmente ao entendermos o como estamos. Um dia que começa lindo não é um dia lindo na sua totalidade, e nem pode ser. E o contrário é tão verdade quanto isso. Um dia só está em suas várias faces. Começar bem e terminar mal, começar mal e terminar mal, começar mal e terminar bem… Porque ele está tentando ser o que é a priori sua definição diz que ele deveria ser; um dia.

Então ele somente existe como o dia que está sendo pra você.

Um dia não é o prazer de acordar e também não é o sentido de se lançar a uma produção, pessoal ou não, seja ela qual for; um dia se restringe e se mostra no como estamos nesse exato momento e em todas as nossas atitudes de feitura ou até mesmo a natural inércia com as feituras que não nos agradam nesse momento. Necessárias ou não…

Nós é que precisamos estabilizar as coisas numa ilusão de que elas sejam. Porque é isso que precisamos pra podermos viver essa coisa. Uma analogia interessante para isso seria a observação do movimento de fazimento e refazimento de dunas nas areias.

Uma duna está sendo desfeita e refeita a todo momento. O mesmo fenômeno natural que carrega de si as partículas de areia que a desfaz também é a causa da agregação de novos elementos, partículas, que a estão refazendo. Constantemente.

Um rio, nesta mesma linha de raciocínio, já foi amplamente conceituado como não sendo sempre ele mesmo, posto que depende de um momento específico no qual está sendo observado para ser definido como tal; o rio que o sujeito vê. E é de sua natureza ser assim porque ele está no seu processo esperado de constante comutação natural.

Aí temos o mergulho mais profundo ao tentarmos entender que como seres humanos somos também passíveis dessa mesma fenomologia. Estamos nesse momento de refazimento constantemente.

Uma casa não é uma casa em si, ela está sendo uma casa para alguém. De resto ela poderia ter qualquer outro nome e estar sendo essa qualquer outra coisa.

Porque uma casa só será o que ela significa pra quem nela está. Depois disso ela continua e não mais é “a casa”. Agora ela é somente uma construção, fruto da engenhosidade humana e que servirá pra novamente ser algo para alguém.

Uma casa só existe como tal pra você e será vivenciada por ti; depois que você “passar”  ela simplesmente estará abandonada.  E, ainda depois de ti, ela não será mais nada pra essa persona que você representa.

Nada além de uma construção que pode representar uma casa pra outro alguém.

E, nessa linha provocativa: você consegue imaginar a sua casa sem a sua presença?

Ela estará provavelmente sendo a casa de outra pessoa. Ela não é aquela casa. Estará sendo então outra casa.

Podemos pensar sobre isso?

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