Todo mundo conhece um idiota na sua vida e, quando se é muito azarado, é obrigado a conviver com um. Mas na convivência do quotidiano a gente só passa raiva com esse tipo de pessoa e raramente tira um tempo pra pensar um pouco mais sobre essa “capacidade” do ser humano em questão.
Pois achamos que poderia ser de algum proveito tirarmos uns minutinhos pra pensar um pouco melhor sobre isso. Temos muitas obras de arte, principalmente nas artes cênicas, onde o idiota aparece como coadjuvante e alívio cômico para o enredo. E naturalizamos a existência do idiota como um ser mais ou menos inerte e inofensivo.
Claro que aqui se abre um leque muito grande de ideias e até controvérsias que começariam mesmo pelo uso do termo idiota, até porque idiotia já foi uma doença mental catalogada… Teríamos muitas outras ideias apontando para o fato de que atualmente temos a definição de inteligência muito mais abrangente e difícil de quantificar em números estatisticamente manipuláveis…
No entanto, nos parece seguro afirmar que antropologicamente falando podemos todos concordar que o grande salto evolutivo do Homo Sapiens se deu com a capacidade de comunicar ideias mais complexas entre os membros do seu grupo. Capacidade esta que lhes deu vantagens suficientes para suplantar seus concorrentes na supremacia do planeta durante a escalada evolutiva.
Aqui é que se apresenta o ponto de reflexão a ser proposto no presente texto.
Se assumirmos que eles estão aí, a nossa volta, vamos poder rememorar casos em que a estupidez humana realmente proporciona perigos. Você consegue imaginar uma discussão de trânsito sem ao menos um idiota envolvido? Agora você parou pra pensar o que gera cada evento envolvendo um idiota? A pessoa que estava envolvida na discussão, sendo idiota ou não, teria bagunçados seus níveis hormonais ocasionando sintomas que iriam desde a hipertensão arterial até a disritmia cardíaca, passando pelo “envenenamento” do seu organismo com uma dose cavalar de adrenalina.
As pessoas que presenciariam o evento também teriam efeitos em seus organismos. Com certeza seriam efeitos que em nada ajudariam a viver numa sociedade cada vez mais exigente de nossas capacidades intelectuais e psicológicas. Consegue perceber um outro idiota que era somente plateia, mas que ficou muito irritado por ter que ficar parado esperando a briga se resolver? Consegue imaginar esse outro idiota chegando em sua própria casa, atrasado, ansioso, agitado, nervoso… Alterado com o evento somente por ter visto o acontecimento.?
Agora imagine, mas não pense muito sobre isso, um dos dois primeiros idiotas envolvidos com uma arma de fogo.
O ser humano evoluiu muito graças à sua capacidade de criar conceitos e imaginar explicações para os fenômenos. Criou deuses no processo de explicar a existência, criou táticas e estratégias de guerra pra sobrepor-se a seus inimigos. Criou mecanismos de defesa com armas psicológicas bastante complexas para poder situar seu estado de ânimo dentro das ocorrências e inventou a diplomacia com isso. A diplomacia do dia a dia também conta aqui.
Nós que nos orgulhamos do Sapiens que carregamos no nome da espécie temos desenvolvido ideias a respeito do como relacionar-se com nossos semelhantes e manter um nível aceitável e necessário para o equilíbrio das relações. No entanto, temos que ter em mente que existe ainda um fundo de atavismo muito grande em nossas atitudes diante de confrontos. A nossa ideia primeira sempre será combater com a força para eliminar o empecilho que se apresenta.
Aqui é que o nó se destaca. As pessoas ditas civilizadas sempre estarão predispostas a buscar um meio inteligente e racional em seus processos de formação de simpatia e empatia dentro de um confronto. O idiota simplesmente não elabora os elementos mais finos da tal racionalização do confronto. Ele reage somente. Não consegue agir verdadeiramente.
Agora pensemos um pouco mais pessoalmente. Quantas vezes acabamos por ter nosso dia arruinado pura e simplesmente por termos nos chocado com um idiota durante nossas atividades normais do dia a dia? O motorista do aplicativo que insiste em conversar sobre assuntos que você realmente não tem interesse nenhum em debater com um estranho; o caixa obtuso de algum comércio qualquer que simplesmente não está familiarizado com o seu próprio equipamento e nos faz “perder tempo” nas filas do viver; aquele fofoqueiro nível hard que simplesmente supôs que você precisa saber a ultima notícia do desentendimento da Maria com a Cleide e porque o João diz que não tem mais nada a ver com isso. Os casos estão aí na sua memória. Revisa pra ver.
Mas e daí? Se estamos condenados a conviver com esses “seres humaninhos” de que nos adianta filosofar sobre o mal que eles podem fazer ao seu entorno? Simples, evitar o entorno. É obvio.
E como perceber a idiotia perigosa de que falamos? Simples também, geralmente o idiota é bruto. Porque ações que envolvam amabilidade, bondade e simpatia demandam muitas práticas e técnicas que ele simplesmente não consegue dominar. Ele vai se destacar justamente pelas soluções terminativas, definitivas e autocráticas para os problemas que ele está discutindo.
Nem todo ser humano idiota é violento, mas todo ser humano violento é idiota. Todo ser humano idiota é possivelmente violento. Em todas as formas de violência, a depender somente do poder que ele possa ter sob seu domínio.
Boa semana pra todos nós. Agora com atenção redobrada pra sempre conseguir fugir dos idiotas porque todos, todos eles sem exceção, são sim perigosos. Em graus variados, mas o são.
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