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Infocracia e o real valor que as coisas assumem.

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A atualidade tem nos trazido diversos novos desafios para entender nossa vivência e a relevância dessa vivência nesse mundo. O sistema produtivo tem se transformado em sua constante adaptação e readaptação de si mesmo e a nós cabe somente tentar nos situar nele.

Claro que esse entender não tem que ser passivo e conivente: não somos meramente cumplices disso. Somos, como a natureza demanda de nossos cérebros, atores de nossa existência e construtores de nossa realidade.

No entanto, na conformação da realidade informacional que vivemos temos tido cada vez menos a ilusão de que somos realmente parte ativa do processo. A situação geral vivenciada em nossas sociedades tem apresentado a cada dia sistemas mais e mais complexos de dominação das vontades em favor de uma construção que sempre nos apresenta cada vez maior dificuldade para o entendimento.

O sistema de dominação deixou de ser fisicamente expresso através de leis e estamentos que regulam atitudes e punem desvios descritos e previstos em códigos aprovados e sancionados. Agora a dominação é muito mais sútil e visa nosso pré entendimento das coisas, busca nossa vontade como aliada do sistema ainda antes dessa vontade ser realmente expressa.

Por isso vimos recentemente a grande celeuma das big techs brigando com o nosso e com vários governos democraticamente instituídos ao redor do mundo. Não é uma briga por aquisição financeira acumulativa somente, é mais, é uma luta que tem como prêmio o domínio de nossos corações e mentes.

Atualmente temos nos acostumado com uma realidade onde a coleta de dados através de nossas atividades virtuais nos apresenta uma infinidade de sugestões de consumo a partir de uma simples busca por qualquer produto ou serviço. É uma realidade entendida como normal na nossa vida.

E isso não pode ser nada normal.

Através de estratégias de busca, coleta, tratamento e otimização destes dados o que temos realmente é uma realidade controlada e direcionada para a retroalimentação do sistema produtivo, onde estamos em constante movimento para buscar aquisições de que não necessitamos e na eterna ansiedade de fazer isso pra suprir uma carência que é artificialmente criada.

Buscam continuamente nos iludir com essa artimanha e nos convencem de que estas necessidades são o objetivo de um jogo em que estamos imersos, e muitas vezes sem sequer sabermos se efetivamente alguma vez chegamos a ter feito o login nesse jogo.

Mas o pior ainda nem é só isso: dedicarmos nossa vida a jogar um jogo para o qual não nos inscrevemos e que tem a única finalidade de acumular bônus para uma casta que desenha esse jogo.

Essa realidade, agora já naturalizada, mas ainda assim esdrúxula ao ser humano, demanda ainda coisas mais profundas.

Demanda a aceitação de realidades como, por exemplo, estarmos sujeitos a sermos manipulados por essa mesma técnica e acreditarmos que estamos fazendo escolhas pessoais enquanto estamos somente respondendo a estímulos que não conseguimos identificar. E fazendo isso em todos os aspectos de nossas vidas.

Aí é que entra a verdadeira razão da briga das big techs com governos legal e democraticamente sancionados em diversos países. O que estas empresas querem e querem a qualquer custo é a liberdade de utilizar o conhecimento dos algoritmos que influenciam nosso consumo material também para nos direcionar aos seus interesses quando a escolha for ainda mais substancial: a escolha de governos.

Você, nesse esquema, é somente um dado dentro de um complexo conjunto de dados a serem aplicados com finalidades específicas que nunca lhe serão mostradas de verdade.

Você é um conjunto de dados a ser tratado pelas inteligências artificiais que estão sendo comandadas por inteligências financeiras para te fazer produtivo para a manutenção dessa realidade que favorece alguém que naturalmente não é você.

Será que podemos ser um pouco mais inteligentes? Pelo menos inteligentes a ponto de não sermos manipulados por uma inteligência dita artificial?

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