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A sua casa é onde o seu coração mora.

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Provavelmente todos nós já ouvimos essa frase em uma ou outra de suas variações ao longo de nossas vidas. E é bastante possível que também a tenhamos falado em nossas conversas quotidianas.

Pode ter acontecido tanto na fonte mais reconhecida como a original: a singela e magnífica obra O Pequeno Príncipe de Saint-Exupéry, pode ter sido em conversas banais, filmes mais elaborados e atualmente até, Deus nos perdoe, na fala de um desses “coachs” motivacionais da vida. Mas muito provavelmente o conceito não lhe é novidade.

O que buscamos com a citação é somente provocar uma breve reflexão sobre o tema nestes tempos de retornos nas idas e vindas que presenciamos diariamente nas mídias que bombardeiam nossa sociedade com suas “novidades”. Existem sim muitas idas, muitas vindas e certamente muitos retornos nesta vida; e não é só no mundo midiático que isso tem algum impacto.

Várias sociedades do passado, principalmente as nômades, sentiam esta máxima com muito mais força em suas vidas. Estes grupos de pessoas viviam em torno de suas necessidades de forma muito melhor definida do que atualmente o fazemos. As necessidades eram reais e diziam respeito a mais pura condição de sobreviventes destas pessoas. Ali deveria estar o coração deste grupo: na necessidade.

Atualmente, nosso sistema de crenças e estilo de vida conjugam estas necessidades com vontades. E ainda, pra mais além, com vontades que nem sequer poderiam ter força para se tornarem necessidades numa realidade mais purista onde a sobrevivência estivesse realmente se impondo. São vontades superficiais que muitas vezes tomam cara de necessidades reais para nós pessoas não muito realistas. Se nos entendem…

O sentimento de identificação de que a natureza nos dotou faz com que a gente tenha uma grande tendência a gostar ou desgostar de coisas ou situações com base nos nossos sentimentos acerca de situações homólogas que já vivenciamos, ou seja, onde nosso coração um dia já esteve. E aí é que mora o perigo.

Certamente o amigo já se apercebeu em alguma altura de sua vida pensando em como seria ter a oportunidade de voltar a um tempo determinado de seu passado tendo todas as vivências e saberes de agora. É um sonho recorrente de muita gente, não é?

Mas agora nem o passado mora mais lá. O passado efetivamente passou. E nós não deveríamos nunca ter a ilusão de que qualquer coisa de nosso passado poderia ser diferente porque, e simplesmente porque, sem esse passado nós nem seríamos o que nos tornamos. Logo: se o passado pudesse ter sido diferente a pessoa que você se tornou também seria diferente.

É claro que a gente entende que o sentimento de nostalgia nos domina e nos leva a pontos de nossa história onde encontramos momentos que nos são caros. É também claro que muitos destes momentos são lembranças muito queridas que adoraríamos voltar a viver. Mas não funciona assim, acredite.

O que agora parece simples em nossa mente pode acreditar que no momento em que foi vivenciado foi sim bastante intenso e profundo; ou você não teria guardado estas lembranças com tanto sentimento. Acontece que o que parece simples só parece simples aos olhos de quem agora já viu aquilo acontecer.

E, se seu coração já está querendo te dizer que fugimos do assunto, acredite que não! Estamos falando é desta onda de “revivals” que tem tomado conta de nossa cultura: desde o atleta que volta ao seu clube de origem já estando perto de sua aposentadoria; estamos falando da onda de “reboots” de obras cinematográficas; estamos falando também da moda de nostalgia que nos tem remetido a décadas mais simplistas do século passado em várias obras da arte da atualidade.

Queremos com isto que você só pare um pouquinho pra pensar sobre onde está morando o seu coração agora. Sobre onde ele deveria estar pra fazer sentido na atual etapa da sua caminhada nesta vida. Queremos que você tire um minutinho pra tentar emparelhar sua passada com o batimento do seu coração.

Por quê? Só pra você sentir que está verdadeiramente onde deveria estar e que você é sim a melhor construção que você poderia ter feito com o material que te foi oferecido. Seu coração sabe exatamente como de fato você precisaria estar e ser.

Antigamente é que era bom! Será? Será que somente não nos parece que era bom? E será que nos parece que era bom somente porque não estamos mais lá pra vivenciarmos todo o entorno que compunha aquela situação? Entorno que foi superado, é claro, mas que também foi esquecido no processo de construção desta memória afetiva que agora evoca tanta nostalgia…

Enfim, onde anda seu coração?

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