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Minidocumentário apresenta trajetória de Mestre da Cultura Popular afro-brasileira de Senador Canedo

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Com 50 anos de sacerdócio e 25 de atuação em Senador Canedo, Mestre Elmo terá seu trabalho em prol do fomento da arte e do sagrado africano contado em produção goiana

Manter viva a cultura afro-brasileira e a defesa ambiental, por meio do respeito aos elementos naturais que mantêm vivo o planeta Terra. Este é o propósito do tatá inkinssi Elmo Rocha que, há 50 anos, se dedica a levar os ensinamentos da nação africana de omolokô – religião sincrética que tem como base elementos africanistas, espíritas e ameríndios – para as mais diversas partes do país, sendo 25 na posição de mestre da cultura popular afro-brasileira, na cidade de Senador Canedo. E é justamente sua trajetória que será contada no minidocumentário a ser exibido no domingo (10), às 20 horas, na fan page da Frente de Articulação Afro-brasileira no Estado de Goiás.

Ao longo deste tempo, toda a vivência e ensinamentos de Mestre Elmo sobre sagrado, cultura, costumes, saberes ancestrais e culinária do povo afro-brasileiro omolokô – recebidos da oralidade e de exemplos de outros mestres da cultura afro-brasileira – vêm sendo repassados para as novas gerações e para os novos mestres por meio de rodas de conversas, oficinas, discussões políticas, ritos com músicas, rezas, danças sagradas e alimentos, cuidados ambientais e, acima de tudo, exemplos. Além da formação de centenas de pessoas, seu trabalho vem contribuindo para a desmistificação das relações religiosas, introdução do respeito à diversidade e ao meio ambiente e promoção da deferência aos Direitos Humanos, bem como para manter a cultura imaterial afro-brasileira viva e contínua na sociedade brasileira.

Conforme destaca Mestre Elmo, a luta do povo negro pela liberdade de expressão e culto sempre foi cenário de muita luta popular. “Durante muitos séculos a cultura afro-brasileira era proibida em território brasileiro, sendo marginalizada. Com a disseminação da cultura nação africana de omolokô, que foi sendo passada por meio de mestres e mestras, ela se manteve viva e presente em várias regiões brasileiras, porém essas informações sempre estiveram presentes apenas entre os membros da casa, o que o mantinha restrito e favorecia o desconhecimento e o preconceito”, conta.

O minidocumentário tem justamente o objetivo de disseminar a cultura afro-brasileira de omolokô, desmistificando e possibilitando a quebra de preconceitos, promovendo o respeito à diversidade e demonstrando os ritos de defesa ambiental e de direitos humanos que são primordiais neste segmento de origem africana. A produção também tem o intuito de repassar às futuras gerações os principais elementos desta cultura popular afro-brasileira, bem como contribuir para a formação de novos mestres para continuidade dos seus fundamentos religiosos, alimentares e culturais. Isso ao apresentar o contexto histórico, social e étnico e disseminar as ações de formação social desenvolvidas por meio das artes do omolokô.

O projeto foi viabilizado pela Lei Aldir Blanc 2021, por meio do Edital de Mestras e Mestres da Cultura Popular, e tem produção executiva assinada pela Cereja do Cerrado Produções.

 

O Omolokô
O Omolokô é uma religião sincrética praticada no Brasil que tem como base elementos africanistas, espíritas e ameríndios. Este segmento de origem africana cultua os orixás, com assentamentos similares aos do Candomblé, e também os caboclos e pretos-velhos, como na Umbanda, mas ele não representa uma mistura dessas duas religiões afro-brasileiras. Com ritualística própria, seus cultos com cantigas em iorubá são realizados em locais denominados de “terreiro” e “roça”. Seu representante mais expressivo no Brasil foi o tatá Tancredo da Silva Pinto.

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