Sua obra clássica Tropas e Boiadas foi apreciada por grandes nomes de nossa literatura brasileira como Guimarães Rosa, Monteiro Lobato e Mario de Andrade e até os diais atuais ressoa no meio acadêmico como traz a pesquisa realizada pela mestranda em Literatura e Critica Literária pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás Carmem Lucia Cardoso Lopes (PUC/GO) sob orientação do Prof. Dr. Rogerio Pereira Borges na dissertação de mestrado (2025) mencionam que, estudar Tropas e Boiadas hoje é mais que um exercício acadêmico é um ato de preservação da história e de valorização dos saberes ancestrais.

A obra, atravessada por vozes populares, tradições orais e dilemas universais, transcende seu tempo, questionando até hoje os processos de pertencimento, exclusão e resistência cultural. Nesse contexto, Hugo de Carvalho Ramos é pedra fundamental não só do regionalismo goiano, mas também da literatura brasileira, que encontra em sua escrita a prova de que o regional não é limite, mas janela para o universal. Ele reafirma que há uma potência no local, uma força nos saberes do cerrado, e que compreender essa literatura é compreender também quem somos, de onde viemos e os caminhos que ainda podemos trilhar.
Já o Professor Dr. Bento Fleury em “Hugo de Carvalho Ramos, plangências poéticas do Cerrado Goiano” analisa Hugo, como precursor do Modernismo estético e temático, não só na prosa, ao lado de Leo Lynce e Maria Paula Fleury de Godoy se fez reconhecido pelo verso livre e pela inspiração na natureza goiana, vista sob diferente ótica. Era o canto da terra, pelas belezas do Cerrado e dos acontecimentos corriqueiros; não mais ligado apenas ao sofrido viver do pranto e da saudade.
E para imortalizar este grande nome do regionalismo brasileiro, o poema: Saudade Póstuma
Há de um dia ter fim o meu tormento,
Há de um dia acabar o meu martírio,
Quando for do meu peito o último alento,
Quando tiver na mão aceso um círio.
Quando empós do festim do verme, um lírio
Da minha cova alçar-se ao firmamento,
E exsudando em perfume o seu delírio,
Subir aos astros num deslumbramento.
E feito essência, e feito cor e som,
Livre das leis de peso, e da atração,
Na esfera gravitar do Excelso e Bom.
Para que, na assonia do Nirvana,
Dissolvido no Todo o coração,
Chore a saudade de miséria humana.
Abaixo o link do filme HUGO de Lazaro Ribeiro:
Texto por Matheus Nunes
Foto da capa retirada do livro “Tropas e Boiadas”.
Matheus Nunes da Silva Brito é o responsável pela coluna “Cultura Goiana na Mídia”. Ele fala sobre cultura, tradição e turismo do Estado de Goiás e Correspondente do jornal Imprensa Criativa em Paris.
Matheus Nunes da Silva Brito é escritor e pesquisador, natural de Matrinchã/GO, sócio nas instituições ICEBE/CILA/GLG/Alcanorte, UBE-GO e sócio correspondente do IHGG.










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