É uma campanha nacional de prevenção ao suicídio, realizada durante todo o mês de setembro
Esta campanha surgiu no Brasil em 2015, iniciativa do CVV (Centro de Valorização da Vida), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
A cor amarela simboliza a valorização da vida e a luz de esperança para quem enfrenta sofrimento emocional.
O objetivo do Setembro Amarelo é quebrar o tabu sobre o suicídio, incentivar as pessoas a falar sobre seus sentimentos e buscar ajuda a um profissional. O suicídio pode ser prevenido, com o apoio da família e amigos, acesso a psicólogos, psiquiatras e serviços como o CVV (188).
Na cidade de Goiás as ações acontecem nas escolas, empresas, comunidades, instituições religiosas e redes sociais. São realizadas palestras, rodas de conversa e campanhas de conscientização.
Separamos um importante evento da Igreja Universal do Reino de Deus que faz esta ação do Setembro Amarelo, inclusive na cidade de Goiás
“Vida a Cores” é um evento promovido pela Igreja Universal do Reino de Deus, por meio do projeto Depressão Tem Cura (DTC), com foco em saúde mental, especificamente na prevenção da depressão, ansiedade e suicídio. A ideia é promover acolhimento emocional, escuta, orações, testemunhos e mensagens de fé que tragam esperança para quem está vivendo dias “cinzentos”, com vazio interior, ansiedade ou depressão.
São reuniões específicas com horários marcados nos templos da Universal. Em muitos casos, antes dos cultos, há atendimento de pastores ou obreiros para escuta individual, aconselhamento.
Conversamos com a psicóloga/neuropsicológa e especialista em terapia comportamental Cognitiva, Luciana Cordeiro de Toledo. Ela respondeu perguntas referentes a prevenção do suicídio e o cuidado com a saúde mental
É importante tratar as causas específicas que levam uma pessoa a se matar e elaborar planos alcançáveis para conseguir tirar a pessoa da situação de risco de suicídio.
Como a escuta e o acolhimento podem salvar vidas ?
– A prevenção do suicídio deve começar na família. A morte natural não deve ser um tabu. Também se mostra relevante o trabalho nas escolas: valorização da vida e o resgate de certos valores são ações importantes e que pode partir do trabalho nas escolas.
A escuta e acolhimento podem salvar vidas considerando que a pessoa diante da iminente ideia de suicídio, está fechada em si mesma com sentimentos de muito vazio e atitudes de isolamento. Oferecer essa escuta pode mudar a ideia que perpassa a mente da pessoa.
Quais sinais emocionais e comportamentais podem indicar que alguém precisa de ajuda ?
– Alguns sinais e comportamentos como afastamento social e da família, angústia frequente, seguidas de choro ou não configurando um transtorno depressivo e também alguns transtornos mentais como esquizofrenia e alcoolismo podem ser evidências de risco de suicídio. Lembrando que a depressão não é a causa do suicídio mas sim, um fator de risco. O sujeito busca sanar seu vazio existencial.
Por que ainda existe tanto tabu em falar sobre saúde mental ?
– Falar de saúde mental é ainda um tabu porque por muitos anos se considerava como importante apenas o cuidado com a saúde do corpo, do organismo. O sujeito não era visto como um ser integral. Ideias cristalizadas dificultam o entendimento sobre todo o funcionamento do sujeito. Atualmente se considera a vida humana em sua parte psíquica, emocional, espiritual. E isso contribui para diminuir os tabus na saúde mental. As pessoas estão melhor orientadas e com maior nível de consciência sobre o que norteiam seu ser.
O que uma pessoa que está em sofrimento pode fazer como primeiro passo para buscar ajuda ?
– O primeiro passo é buscar ajuda familiar e da equipe de saúde mais próxima. Falar, expor o que sente fará toda diferença.
Que mensagem você deixaria para quem tem medo ou vergonha de procurar terapia ?
– Deixo como mensagem pra quem precisa de auxílio terapêutico que você não está sozinho (a). Existem pessoas capacitadas para te auxiliar e não tenha vergonha do que sente e de buscar ajuda. Você pode sair desse estado ruim e ter a vida que você precisa ter, com coragem, Força, Fé, Alegria.
A assistente social, Catarina Rizzo Pinheiro, respondeu as perguntas referentes ao papel da assistente social no combate e prevenção ao suicídio:
Qual é o papel da assistente social na prevenção do suicídio?
– A relação entre saúde mental e segurança do paciente que está em risco de suicídio é complexa, pois envolve questões de saúde mental, vulnerabilidade social e apoio psicossocial. Os assistentes sociais atuam desempenhando um papel na prevenção, intervenção e apoio. No acolhimento, escuta qualificada e encaminhamento das pessoas ao atendimento
Compete ao assistente social dar resolutividade ao encaminhamento de pacientes com risco de suicídio para a rede de atendimento de emergência em saúde mental. Após a percepção de um possível risco de suicídio por parte da equipe cabe ao assistente social, discutir o caso junto a equipe multidisciplinar (principalmente psiquiatria) e se reconhecido pelo médico psiquiatra a necessidade de encaminhamento do paciente para internação psiquiátrica, identificar se o paciente está acompanhando (familiar ou rede de apoio) e no caso do paciente estar desacompanhado, localizar e convocar para o comparecimento um familiar, cuidador ou responsável.
Quais sinais de alerta amigos e familiares devem observar?
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- Mudanças repentinas na rotina: mudanças de hábitos
- Isolamento social severo: indivíduo permanece longos períodos de tempo dentro de casa, as vezes sem sair do quarto, prejudicando as atividades cotidianas.
- Uso de álcool/DROGAS de maneira abusiva: sinais de irritabilidade, agressividade, alteração no padrão do sono, e alimentação.
- Situações de crise: indivíduo se mostra agressivo, oferece risco a si aos familiares, ou fala de ideações suicidas
- Alterações no humor: emoções exacerbadas, oscilações constantes tristeza, choros, falta de esperança, inquietação, apatia, irritabilidade, agressividade, baixa autoestima.
- Histórico de tentativas de auto extermínio: o usuário verbaliza que já realizou alguma tentativa, diz não ter vontade de viver ,o mundo não tem sentido, desejo de morrer.
- Alucinações: Usuário afirma ouvir vozes, ver vultos e bichos comportamentos atípicos, impulsivos.
- Fala desconexas associada a desorientação: fala coisas sem sentido, não sabe onde esta encontra se desorientado tempo e espaço.
- Alterações no auto cuidado ,Dificuldade nos cuidados mínimos de higiene ,padrão de alimentação em excesso ou não se alimenta.
- Auto lesão( histórico auto leão), cortando- se ou machucando-se.
Onde as pessoas podem buscar ajuda gratuita?
– No CAPS Centro de Atenção Psicossocial CAPS, que é porta aberta funciona no CEMAS ao lado do Colégio Militar, atendimento diário de segunda a sexta-feira das 07h ás 17h.
UBS Unidades Básicas de Saúde, próximo a sua residência, serviços de saúde publica.
Emergência: SAMU 192.
Hospitais gerais, na cidade o Hospital de Caridade São Pedro de Alcântara.
Além do CVV, pelo número 188 e oferece escuta 24 horas por dia, se precisar peça ajuda.
Que mensagem você deixaria para a comunidade no Setembro Amarelo?
– Cada vida é uma história em construção: escute, apoie e ajude quem precisa a continuar escrevendo a sua.
Higor César Ferreira- Repórter e editor do Jornal Imprensa Criativa cidade de Goiás







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