A Serra Dourada com seus imensos braços vegetais recebe quem chega à terra dos goyases, os versos e estrofes que brotaram da mente de ilustres poetas, contistas, romancistas, homens e mulheres que contribuíram para a formação de nossa identidade cultural, claro que mostrando Goyaz para o mundo. Neste artigo veremos trechos de obras literárias vilaboenses que exaltam e cantam esta terra que marcha rumo aos 300 anos.
De Cora Coralina, a madame da Casa da Ponte, exala:
Goiás, minha cidade…
Eu sou aquela amorosa
de tuas ruas estreitas,
curtas,
indecisas,
entrando,
saindo
uma das outras.
Eu sou aquela menina feia da ponte da Lapa.
Eu sou Aninha… (Cora Coralina, in Poemas dos Becos de Goiás e estórias mais).
De Bernardo Élis, o imortal que levou Goiás a Academia Brasileira de Letras:
O que me resta,
é ir a Santa Bárbara,
agora que esse ventinho trêfego
refresca a tarde.
(Santa Barbara – Primeira Chuva)
Nita Fleury Curado, em “Poço da Carioca” relata:
A Cidade de Goiás perdeu o nome de capital, mas não perdeu o dom do encantamento. E quem a visita, jamais a esquecerá e terá sempre na retina a visão de uma cidadezinha branca, cercada de morros verdes, que a cingem ciumentamente. E esses morros tem sua história. Conta a lenda que os morros D. Francisco, Cantagalo e Lajes foram seres transformados em pedra, irradiando tal fascínio que toda cidade dele ficou impregnada, encantando as pessoas que ali chegam. (Pag. 99 do livro “Vida).
Já Silvia Nascimento em “Madrugada” pag. 152 desabafa:
Acende em mim a saudade.
Infância que não durou…
Mocidade que passou…
Do lugar onde nasci
Nem uma viga restou.
Bacalhau sozinho e triste!
Não há peito que resiste
Ver a tua solidão,
Nesta noite de luar,
Quando sons venho arrancar
Das cordas de meu violino,
Para, em dorida canção,
O teu sono acalentar.
E escuto o toque do sino
Da igreja branca e pequena
Chamando para a novena
Da Virgem Nossa Senhora,
Nossa Senhora da Guia,
Sorrindo com alegria,
Por entre as luzes do altar.
Antônio Geraldo Ramos Jubé em “Vila Boa- V de Lira Vilaboense”
Da rua Hugo Ramos certa casa
de duas portas, casa até modesta,
hoje é canção que de meu peito vaza
(onde vivi, menino, a intensa festa.)
Teve o breve relâmpago de uma asa.
Raio de sol varando pela fresta
a vida entre as paredes desta casa
baixa e pequena de uma rua honesta.
Espaço de uma infância ou de uma lenda,
o tempo me concede, em oferenda
de ruidosa alegria e de natais…
Mas se agora trânsito pela rua,
olho e procuro, pela fronte sua,
um sonho antigo, não existe mais.
Com Maria Paula Fleury de Godoi com “Noite de Novena -1928”
Da Cidadezinha Provenciana
que julga ser Rio de Janeiro
e sonha Paris.
E nas noites de lua de cheia na antiga capital seresteiros e admiradores da cidade entoam a canção de Joaquim Bonifácio e Joaquim Santana:
“As noites goianas
São claras, são lindas
Não temem rivais
Goianos, traduzem
Doçuras infindas
As noites que amais
São noites somente
Da pátria formosa
Do índio Goyá”
E para brindar Goyaz com os vila-boenses, os que visitam Goiás ou que escolheu esta terra doce, poética e seresteira para viver, os versos de Manoel Amorim Felix de Souza.
Caia a noite sobre o casario
E a terra vazia emudece
O luar por entre as galharias
Lindos véus, estranhos tece
É quando solitário tento
Pelas ruas de minha cidade
Secar dos olhos estas lágrimas
E do peito esta saudade
Rio Vermelho, escuta a minha súplica
Pois peno, penas de amor
Rio Vermelho que meu pranto colhe
E pede a Deus por mim
Rio Vermelho velho camarada
Em suas águas murmurantes
Leva a mensagem inacabada
Rio Vermelho, fala por mim
Parabéns Goyaz, Goiaz, Goiás.
Texto e foto por Matheus Nunes da Silva Brito
Matheus Nunes da Silva Brito é o responsável pela coluna “Cultura Goiana na Mídia”. Ele fala sobre cultura, tradição e turismo do Estado de Goiás e Correspondente do jornal Imprensa Criativa em Paris.
Matheus Nunes da Silva Brito é escritor e pesquisador, natural de Matrinchã/GO, sócio nas instituições ICEBE/CILA/GLG/Alcanorte, UBE-GO e sócio correspondente do IHGG.










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