O Surrealismo, é um dos movimentos artístico mais vivos e dinâmicos na cena artística internacional, não sabemos exatamente quando de fato ele aparece na cronologia da arte visual, mas, o manifesto inaugural foi lançado em Paris no ano de 1924, e o teórico do movimento André Breton (1846 – 1966) denominou-o de “automatismo psíquico” ou “ausência de controle exercido pela razão”, portanto seu caráter espontâneo está detectado e isentado de maiores compromissos, pelo menos de ordens racionais.
No manifesto, o Breton, que era um estudioso da psicanálise exercida por Freud, diz ainda que, “uma das funções da arte é desarrumar o cotidiano, propor o insólito contra a rotina, retificar a lei e a ordem”; reafirmando a natureza polissêmica e polivalente da arte.
Através de suas conclusões teóricas, o francês legitmava-se uma das correntes artísticas de maior liberdade conceitual em uma europa ainda arrasada pela primeira guerra mundial, e reconfirmando Paris na tradição, como uma das maiores “caixas” de convergências e ressonâncias dos movimentos da arte de vanguarda ocidental a partir do Neoclassicismo de 1748…
O Surrealismo em minha modesta opinião, seria um dos “ramais” do movimento Dada (Zurique 1916) surgido ainda no período da primeira guerra mundial (1914 – 1918), que introduziu na arte, expressões e comportamentos militantes extraordinários, estimulando novas interpretações e maneiras “conceptivas” no multiverso artístico em todo o planeta, que, assim contribuiram decisivamente para mudar nosso conceito de ver a arte no mundo contemporâneo.
Se o surrealismo teve seu lançamento, como movimento de vanguarda em 1924, no entanto (talvez) inconsciente, ele esteve presente nas obras de alguns heréticos ocasionais solitários e visionários tais como Hieronymus Bosch (1450 – 1516), Pieter Bruegel (? – 1569), perpassando o genial Francisco de Goya em suas alucinações, na sua inexoravel solidão, depois de uma misteriosa doença que o deixara surdo e “terrivelmente” refratário aos “mexericos” dos cortesões da família real espanhola, do qual foi um dos “pintores do Rei”, ofício que exerceu com esmero, mas sem jamais facilitar a imagem vulgar da família real e da fidalguia que gravitava em torno do rei👑…
No entanto, o mais popular signatário do surrealismo é sem dúvida o espanhol Salvador Dali (1904 – 1989), o criador do estilo “Paranoico Crítico”, embora Breton tinha aversão às excentricidades do ilustre espanhol, e o considerava (apesar de seu inegável talento) um cabotino. Mas é notório que Dali é a figura mais emblemática, a mais popular da Iconografia surrealista no mundo ocidental.
No Estado de Goiás, o surrealismo aparece pela primeira vez de forma conciente, em 1968, nas pinturas de Noé Luiz da Mota, sua produção da decada de 70 e 80, consolida entre nós um surrealismo virtuoso, de cores suaves e composições amórficas, um estilo singular, marcante e inconfundível na Iconografia da arte serratense.
Em sua técnica sóbria, elaborada e de excepcional domínio, Noé imprimiu uma marca pessoal, única no surrealismo brasileiro.
Ainda na decada de 70, Noé Luiz já era partícipe do panorama da pintura brasileira que convergiam para São Paulo a fina flor da pintura nacional.
Hoje o artista ampliou seus multiversos artísticos e adicionou o cinema ao amálgama de suas realizações no campo da arte. Vive e trabalha em Goiânia, no bairro Jaó, cosntruiu seu endereço no cosmo, uma construção surrealista (não poderia ser diferente), que assim como uma espécie de Antoni Gaudí (1852 – 1926) do Cerrado construiu com suas próprias mãos o inusitado edifício, cognominou de “catedral da arte”, e lá é um ponto de convergências para exposição de arte e cinema ambiental no coração da capital do Estado de Goiás.
Abraço fraterno.
Nonatto Coelho.
Artista e pesquisador.
Inhumas, 20 de setembro de 2022.
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