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Entrevista: O Bispo da Diocese de Goiás, Dom Jeová Elias fala sobre o legado do Papa Francisco, Homenagem e expectativa para o novo papa

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Com o falecimento do Papa Francisco em 21 de abril de 2025, aos 88 anos, devido a um AVC agravado por uma pneumonia bilateral ​, é natural que surjam questionamentos sobre os impactos desse evento na Igreja Católica e, especificamente, na Diocese de Goiás. O atual bispo da Diocese de Goiás é Dom Jeová Elias Ferreira, nomeado em 27 de maio de 2020 e empossado em 13 de setembro do mesmo ano, ele responde algumas perguntas referentes a morte do Papa Francisco e fala das expectativas para o novo Sumo Pontífice.

Veja a entrevista abaixo:

1. Quem foi o papa Francisco e qual seu legado pastoral e espiritual, especialmente para a América Latina?

– Foi o primeiro papa latino-americano e jesuíta a assumir essa missão de liderar a Igreja Católica, de modo inédito escolhendo o nome Francisco e honrando-o. Foi um homem que se destacou por sua humildade, defesa dos pobres, defesa da ecologia integral, e na realização de reformas institucionais.

Seu legado inclui: a prioridade à misericórdia, como a essência divina e compromisso humano; a retomada do espírito do Concílio Vaticano II, esquecido e até mesmo combatido por alguns, destacando o conceito de Igreja como Povo de Deus e a corresponsabilidade de cada batizado com a missão; o enfrentamento dos graves problemas financeiros e morais na Igreja, combatendo esses erros e promovendo a transparência; a defesa ardorosa da paz no mundo e a denúncia da violência da guerra.

Sonhou com uma Igreja pobre e para os pobres. Defendeu uma Igreja em saída às periferias geográficas e existenciais, não referencial, que também aprende com os outros. Defendeu os migrantes e denunciou uma economia que mata. Levou as conclusões da V Conferência Geral do Celam, realizada em Aparecida, para o mundo.

2. Quais os ensinamentos do papa mais relevantes para a Diocese de Goiás?

– Os ensinamentos do papa que mais tocam a nossa realidade diocesana são a opção pelos pobres, que fortalece a nossa opção fundamental, o empenho por uma Igreja sinodal, encarnada na vida do povo. O desejo de uma Igreja em saída às periferias geográficas e existenciais, profundamente missionária e aberta à escuta. Isto está em sintonia com nossa prática pastoral nas comunidades eclesiais de base (CEBs). Destaco ainda a defesa da ecologia integral. Através da CPT, estamos empenhados na preservação das nascentes e no apoio aos trabalhadores rurais que desejam produzir sem desrespeitar e depredar a natureza.

3. Sobre alguns nomes, entre os quais, os cardeais brasileiros e outros da África como favoritos. Acha que algum deles pode ser o próximo papa?

-Para a eleição no Conclave não há chapas de candidatos. O resultado pode ser imprevisível, pois o Espírito sopra onde quer. A escolha do papa é realizada em oração, escutando e discernindo o que o Espírito quer dizer à Igreja.

A menção de nomes como favoritos é fruto do desejo de algumas pessoas, sobretudo das regiões em que o catolicismo se destaca. Entre nós há pessoas com sensibilidade pastoral aos mais pobres, experiência de Igreja em saída e visão sinodal, que poderiam sim ser chamados a esse serviço. Nosso desejo é que o novo papa continue a escutar o grito dos pobres, da terra e do povo de Deus, como fez o papa Francisco. Na Diocese de Goiás, estaremos em oração para que o Espírito Santo conduza esse momento na Igreja, na esperança de que Deus chame um pastor com cheiro de ovelhas.

4. A Diocese de Goiás planeja alguma homenagem ou celebração especial em memória do papa Francisco?

-Sim, na nossa nota de falecimento, convocamos todo o povo de Deus, o clero, religiosos, religiosas e leigos para celebrarmos uma Missa em memória do Papa Francisco, no próximo dia 23, às 19h, na Catedral de Sant’Ana, em Goiás. Será um momento de profunda oração, gratidão e comunhão eclesial.

Também solicitamos que, nas diversas comunidades da Diocese, sejam feitas orações e celebrações em ação de graças pelo serviço que ele prestou com tanto zelo à humanidade. Desejamos que seu testemunho de fé, simplicidade e compromisso com os pobres, próximos da nossa realidade diocesana, não se apaguem na nossa memória.

5. Quais são as suas expectativas em relação ao próximo conclave?

-Que transcorra num clima profundamente orante, de abertura sincera ao Espírito Santo. Que os cardeais, com serenidade e discernimento, possam eleger aquele que melhor responderá aos desafios da Igreja e da sociedade atual alguém que, com humildade e coragem, dê continuidade e aprofunde o caminho iniciado por Francisco, especialmente no que diz respeito à sinodalidade, ao cuidado com os pobres e com a Casa Comum.

Rezo também para que seja um processo ágil, mas sem atropelos, fruto da escuta de Deus e em sintonia com o anseio do povo. Que o novo papa seja sinal de esperança e unidade para toda a humanidade.

Diocese de Goiás

6. Como os fiéis da cidade de Goiás têm reagido à notícia da morte do papa?

-A notícia da morte do papa Francisco foi recebida com um misto de comoção, gratidão e oração. Muitos expressaram sentimentos de profunda admiração por sua figura humilde, próxima dos pobres e coerente com o Evangelho. Espontaneamente fazem suas orações, partilham suas recordações e agradecem a Deus pela vida e missão daquele pastor tão querido.

O povo goiano e vilaboense, com sua fé simples e profunda, reconhece em Francisco um verdadeiro testemunho de Cristo, que tocou o coração das pessoas, especialmente das mais humildes. Fica a esperança, de que o seu ensinamento frutifique na vida da Igreja e de toda humanidade.

Fotos- Diocese de Goiás e Higor César 

Higor César Ferreira- Repórter e editor do Jornal Imprensa Criativa cidade de Goiás

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