Dona Rosa era mulher negra, benzedeira, com costumes impares, ela passou metade de sua vida no Município de Goiás
Rosa Maria de São José nasceu em 16 de junho de 1913, no Município de Bom Despacho, em Minas Gerais, filha de escravos alforriados e descendente de povos indígenas. Ela se casou com Benedito Joaquim Gomes, aos 12 anos de idade, teve 7 filhos: Maria do Carmo, José Maria, Maria das Graças, Ana, Donizeti, Miriam e Antônio.
Antônio Aparecido Gomes, um dos filhos de Dona Rosa, contou sobre a mudança dela para Goiás:
‘’Minha mãe mudou-se para o Município de Goiás com meu pai, quando ela tinha entre 22 e 25 anos. Primeiro ela morou na Fazenda Bom Sucesso, depois foi para a Cidade de Goiás, quando meu pai morreu, mudando-se para a Vila Agnelo, onde ela permaneceu até 01 de outubro de 2018, quando ela veio a falecer, aos 105 anos.’’
Ela foi católica a vida toda, sempre a primeira a chegar as missas da Paróquia de Santa Rita de Cássia, no Bairro do João Francisco, próximo a sua casa. Perto de seu falecimento ela converteu a religião evangélica, a pedido de uma de suas filhas, mesmo assim Dona Rosa continuou devota de Nossa Senhora Aparecida e de Santa Rita de Cássia.
Rosa fez muitos amigos, pelo seu jeito humilde, acolhedor e religioso, o seu benzimento era conhecido nos quatro cantos de Goiás:
‘’Ela benzia quebranto, picada de cobra e de escorpião, espinhela caída, vento virado, expulsava cobras das fazendas. Na época de chuva ela rezava para as chuvas fortes e tempestades acalmarem.’’, disse uma das netas de Dona Rosa, Rosilda Santana.
‘’Minha Vó também fazia garrafadas para a cura de diversas doenças, a partir da matéria prima do cerrado.’’, concluí Rosilda.
Homenagens
Em 2015, o diretor e cineasta Lázaro Ribeiro fez uma visita a Dona Rosa, ele aproveitou e fez um registro audiovisual e fotos dela. Futuramente o diretor pretende fazer um material para o projeto Museu da Memória de Goyaz.
Em 30 de novembro de 2021, aconteceu a abertura da exposição fotográfica ‘’Bença Dona Rosa’’, curadoria e fotos da Patrícia Mousinho, mostrando o cotidiano da benzedeira. A exposição ficou disponível até 1 de janeiro de 2022 no Auditório André Xavier Mundim, na Prefeitura de Goiás.
Dois anos depois, em novembro de 2023, a Secretaria Municipal de Igualdade e Equidade Étnico-Racial de Goiás, fez um tributo a ela, onde a imagem dela estampou a arte do 1º novembro da consciência negra e o projeto: Goiás, nosso patrimônio tem cor. A arte foi feita por Fernando Serafim e design gráfico de Jânio Roriz.
Higor César Ferreira-Repórter e editor executivo do Jornal Imprensa Criativa Cidade de Goiás
Fotos cedidas gentilmente por Patrícia Mousinho, que está no https://museudamemoriadegoyaz.com/exposicao/benca-dona-rosa/
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