Press "Enter" to skip to content

Um causo sobre Vila Boa de Goyaz-Coluna Cultura Goiana na Mídia por Matheus Nunes

Compartilhe

UM CAUSO SOBRE VILA BOA DE GOYAZ

Ao entardecer, contava meu avô umas estórias de seu tempo em Goiás. Em noite de lua cheia ou em plena semana santa na Vila Boa, já de madrugada, coragem não tinha para passar na porta da Igreja da Boa Morte cortava muitas voltas, mas fazia menção de passar por lá, mas o cavalo refugava ao passar pelo beco, mas não passava de jeito nenhum, pulava e refugava, mas não passava pelo beco para terminar de chegar ate o chafariz para pegar água, estranhou pois já havia passado por lá varias vezes e o cavalo não tinha essas reações, pensou.

___O que tem neste beco que o cavalo não passa!

O vento frio batia nas janelas dos casarios, um beco silenciado, escuro, e que ninguém passava. Amanheceu o dia, e foi tomar café na casa da tia Albertina, cedo por volta das seis da manhã, não viu nada demais, mas atravessou ligeiro, sem olhar para trás e os lados, tomou o café e perguntou tia Albertina 

___Meu cavalo, refugou perto desse beco, poucos metros da casa da senhora!

Respondeu a ele com o intuito de lhe passar um grande medo.

___Meu fio, este beco é por onde passas as almas na semana santa, diz que é uma procissão, todos vestidos de branco, os escravos carregando velas.

Sebastião fez se o nome do Pai no peito e logo iniciou uma oração, agradeceu pelo café.

___Até mais vê, tia

___Inté. Respondeu Albertina.

Desamarrou o cavalo que estava amarrado debaixo da ingazeira e cortou voltado beco.

Meu avô era um bom contador de histórias, analfabeto, mal lia, de cabeça branca, nem me lembro de tia Albertina pois quando nasci ela já havia morrido, mas até hoje na semana santa, todas as vezes que passo ao beco me vem uma breve lembrança dele. Mas mesmo sabendo que a historia do beco era uma lenda, tinha-me um certo receio de passar por lá, a saudade de suas historias não passa e nem passará , uma enorme lembrança de meu tempo de menino quando sentava-se no chão do alpendre e ficava a todo ouvido as suas historias preenchendo o baú da memória .

Numa alegria suprema da vida, quando escutava seus passos vindos, todo alegre me contar histórias do povo de antigamente nos reinos de Goiás.

Texto por Matheus Nunes

Cultura Goiana na Mídia- Jornal Imprensa Criativa

Tela: Octo Marques

Matheus Nunes da Silva Brito é o responsável pela coluna “Cultura Goiana na Mídia”. Ele fala sobre cultura, tradição e turismo do Estado de Goiás.

Matheus Nunes da Silva Brito é escritor e pesquisador, natural de Matrinchã/GO, sócio nas instituições ICEBE/CILA/GLG/Alcanorte e UBE-GO.

 

Comments are closed.

Mission News Theme by Compete Themes.